Agenda Cultural

Ao centro o piano e lá dentro uma voz em potência, queda à espera de quem a descubra, de quem seja capaz de a fazer sua. Assim um dia se sentou Alain Oulman diante de Lisboa, diante da poesia, diante do fado e diante do mundo, a laborar no sonho de o cantar com a voz da Amália.

"Com que voz” talvez tenha sido, antes de tudo, o fruto feliz de uma pergunta desmedida, da grande provocação da sorte: o encontro decisivo em que nem todos teríamos a coragem de estar tão presentes, como Alain e Amália estiveram. Mas foi, ao que parece, um encontro de imaginações e de militâncias, de exílios e de audácias, de tristezas e de vocações, vindos de muitos lugares e muitos tempos, só para que eles fossem capazes de os fazer soar por dentro de cada um de nós, como uma voz que afinal era a nossa.

100 anos depois de Amália, convidamos o público a ser testemunha daquele acaso feliz, levado pela dança do fado com outras vozes da música, entre corpos e imagens, até quem sabe cada um de nós poder chegar, em ousando, a esse encontro por que sempre vamos esperando. Na abertura do Semestre Europa em Coimbra, a cidade comemora ainda aquela que foi, por todo o mundo, a voz de um país e da riqueza cultural de um continente, que esperamos celebrar em 2027 em Coimbra, Capital Europeia da Cultura.