Agenda Cultural

Entre a primeira versão – A Morte Saiu à Rua, que integrou o projeto Filhos da Madrugada (BMG, 1994) – e a edição do disco A Herança do Andarilho decorreram 23 anos.

Visitar a obra de um génio da melodia é uma tarefa arriscada. Tanto A Morte Saiu à Rua, como Vejam Bem, que os UHF tocaram ao vivo no 35.º aniversário do 25 de Abril, para uma celebração que a RTP produziu no teatro Tivoli, em Lisboa, foram trabalhos de encomenda. E foi com esses desafios que acreditei ser possível ler e rever a obra e o autor. Fizemo-lo à nossa maneira. Somos um grupo elétrico, trouxemos a batida e o grito urbanos/humanos, a intrusão das guitarras soltas, mas também o som acústico, as cordas de uma viola, o bandolim, os coros.

Esta foi a Herança que um dia, como todos os portugueses, recebi. No disco, às sete versões juntámos três canções do repertório simbólico dos UHF. Ao vivo, o concerto atinge as duas horas e os clássicos que dão vida a quatro décadas subirão ao palco.

Num tempo em que as sombras permanecem escuras sobre a reedição do espólio gravado do José Afonso, mantemos viva a força de um coro (sem tribunais).

O tema popular Maria Faia, que não integra o disco, faz parte do alinhamento na digressão de 2019.